Passa o tempo, gasta-se a vida, sobram
lembranças.
A nostalgia não é uma fraqueza, e sim o
cômputo da existência.
Não se quer voltar atrás, mas somente
apreciar os pontos belos do caminho.
A transformação biopsicossocial nos força
a abandonar a magia:
só nos sobram as lembranças, só nos
sobra solidão.
Mas agora, passa-se a vida e gasta-se o
tempo.
Tudo fica preto e branco
Assim, sério; assim cansado
Assim embriagado e entediado
Assim, sem graça-ingênua
(porque senso de humor é fuga
despropositada:
vazia, fria; sem sentido: sem graça)
Apoiado o desprezo ao saudosismo ao
tempo de infância!
Da velha casa, quero apenas os velhos
planos
Quero a curiosidade de se ver o simples
e de tirar dele um universo de
possibilidades
Quero o tempo sem valor monetário, sem
valor ocupacional
Quero a vida como nada que precisasse de
uma filosofia de tédio para explicar
A vida com delírios próprios, delírios
meus
A Lagoa Azul ingênua, perene
Sem se preocupar com o eterno
por não considerar começo ou fim
Mas percebendo que o para-sempre era
aquele agora
que agora se foi
E jaz, para sempre, na memória e na
lembrança
Num sentimento quente no fundo da alma
Numa existência já sem tempo e já quase
sem vida
mas, para sempre, memorizada.
(Domingo de
Páscoa, 2012)
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