A
mulher entrou aflita procurando por refúgio, procurando por abrigo. Falou como se
não fosse ela; falou como se interpretasse. Disse algo de si mesma de tal modo
travestido, encoberto, que terminaram por entender outra coisa, e até ela
mesma: não se reconhecia expressa nas próprias palavras. Zombou de si acanhada
e pensou "vou escrever um livro". Foi o que fez; um livro curto,
poucas palavras, direto. Mas com uma profundidade tão grande que ela viu mais
do que a si mesma ali refletida, pensava enxergar também a humanidade, cada uma
das pessoas. Agora estava satisfeita. Mas, apesar disso, ainda queria mais:
queria a glória, o reconhecimento. Achava-se arauto de um novo tempo, de
esperança. Achava-se um tipo de profeta, ou, antes, um anjo. O nome do seu
pequeno livro seria "A Sagrada".
Um blog para todos e todas publicarem suas poesias, artigos, historias e contos esquecidos em gavetas e entregues às traças. Aqui eles serão lidos e cumprirão enfim sua finalidade. Além disso, postaremos adaptações de livros para o cinema, as quais serão disponibilizadas para download. Para você postar nesse blog basta fazer um comentário na última postagem deixando seu email.