quinta-feira, 1 de março de 2012

Noite Boa - Uma Outra estação

noite longa, noite amiga, da janela posso ver, da janela do meu quarto, que refletem os relampagos dos clarões da minha mente, noite fria, noite boa , vem o vento balançar as cortinas do meu cabelo. das lembranças do soluço da saida que tu trazes. se ouço as ondas bater nas pedras, penso nos meus pes pisando a areia fria como se tornou a tua pele.e os nossos sonhos , nossos castelos de areias , que resistiu ao meu sorriso de criança, não esperou nem que o sol se retirasse, e desmoronou, um lamaçau de areia fria feito o meu coração incredulo sem forma, e sem vontade apenas esperando novas ondas que o carregue e o dissolva nas profundezas do mar salgado. noite boa, noite esperança, de longe entendo a intenção do seu halito quente, mas saiba que quero estar a mirar de longe as luzes da cidade, da janela ouço seu canto de chuva e de fertilidade e me esqueço, nesse verão distante, da janela do meu quarto tento esqueçer que meus passos foram ontem percorrer sinuosas curvas de ilusão. noite boa, mas noite triste que percorreu a praia abandonada nua usada e suja pelos banhistas, percorreu as faces pontiagudas das pedras, e a expressao disformes da areia pisada, que percebeu qualquer coisa funebre na lua refletida na espuma das ondas, e veio aqui me perguntar, mas antes dizer... noite boa, noite louca, olhou pra mim, pras minhas rugas de cansaço, para os meus pés sujos de areia, e viu que eu a fitava sem pressa , ignorando a sede... e entendeu e foi embora pra junto do mar profundo me lançar relampagos nos céus e ficamos assim. noite boa, noite boa.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O uso de drogas e o debate que não querem - Roni dos Santos

 
Muitos têm sido os episódios onde o tema central envolve a questão do uso de “drogas”, ou melhor, psicoativos. O tema no geral é confuso e dissuadido de várias maneiras, muitas vezes proposital e hipocritamente, outras pela ignorância do desconhecimento social e histórico e algumas pelas duas forças misturadas. O olhar que temos para o fenômeno do uso de drogas é como se ela fosse algo que surgiu nas últimas décadas e contribuisse para o fim dos tempos, o que é um absudo, estudos têm mostrado o quanto isso é falso. O que temos de diferente é simplesmente o modo como nos relacionamos contemporaneamente com ela. Ainda sim muito do debate se perde. Por exemplo, não fazemos a distinção entre drogas naturais e sintéticas, mas se você for perguntar a alguém sobre o assunto sob qual a lógica das drogas esta alojada no senso comum (propositalmente ou não), possivelmente ele vai te dizer que não quer saber da diferença, que droga é tudo igual. Mas este é o ignorante que ignora as possíveis verdades e somente olha para a dele, então este homem se torna solitário na sua autoreferência e como dizia Aristóteles “O homem solitário é uma besta ou um deus”, por que homem nenhum vive somente da solidão, particularmente de idéias. Mas este tipo de ignorância encontra solidariedade, contrariando a primeira citação encontramos facilmente a loucura coletiva, Nietzsche foi um gênio ao esfregar na cara do ocidente a nossa mediocridade da massificação da cultura.

Digo isto por que muitos destes moralista que defedem a lei e a ordem (deles é claro) querem que de fato reine a confusão de idéias, por que onde reina a confusão, reina a intolerância para o diferente, para um mundo com novas possibilidades de experimentos dentro da dimensão da própria vida. E que fique bem claro, o debate que tenho proposto aqui é sobre o uso de drogas, por que a confusão pode ganhar outros contornos se falarmos por exemplo sobre o tráfico, obviamente as duas questões não estão desligadas, mas falar de tráfico como se isso fosse uma consequência do usuário que o financia também é falácia, assim como criticar o traficante que fornece psicoativos ao usuário. Eles estão ligados, mas cada um constituiu uma história paralela de dois vértices que um dia se encontrou numa aresta. Uma posição coerente sobre a questão foi a do MC Leonardo em seu artigo para a revista
Carta Capital, onde ele argumenta que “Cada um vê o problema da maneira que lhe convém, mas a verdade é que quem mais sofre com a forma que o mundo encontrou para combater o avanço da droga é a população pobre.” Isto mostra, inclusive, que temos que relativizar a questão, por que uma coisa é o uso e a circulação nas classes médias da vida, outra coisa é o mesmo uso e circulação nos morros e favelas de uma outra vida.

Contudo, se formos nos prendermos somente a ideia do uso de psicoativos temos que ficar atentos as questões ligadas ao uso e suas potencialidades, e não simplesmente tratá-las como anomalias. Pensar na possibilidade de um estado alterado de conciência é pensar em uma possibilidade que a mente e o corpo pode atigir de novas sensações e descobertas. Isto está relacionado ao abuso do uso destas substâncias como o crack, por exemplo? O crack é uma possibilidade, mas para evitar estas possibilidades de abuso, seja do crack ou de qualquer outra substância, sintética ou natural, o campo de pesquisa da saúde tem dado passos consideráveis com a política de redução de danos com investimento de idéias de prevenção e tratamento que partem muitas vezes da noção de autonômia do usuário, e por mais que pareça contraditório, este tipo de política tem tido seus efeitos positivos. A verdade é que a pressão social dos pares em termos de apoio e confiança mostra uma correlação de força com as necessidades psicossomáticas, hoje existem clínicas de tratamento que trabalham basicamente com este composto, seja a partir de uma política proibicisnista (onde a autonômia não é um componente) ou de redução de danos. Isto explica em partes por que sempre houve o uso de psicoativos em diversas sociedades e por que, ao contrário do que prega a mídia sensacionalista, a maioria das pessoas que usam drogas controlam seu uso.


Segue abaixo sites e abras para download que debatem o assunto:


Coletivo DAR - Desentorpecendo a Razão


NEIP


Livro: Drogas e Cultura: novas perspectivas

blog do autor:  http://porumaportaiconoclasta.blogspot.com/2012/02/o-uso-de-drogas-e-o-debate-que-nao.html