domingo, 30 de outubro de 2011

Musa - Relbier Oliveira

Do amor, quero dizer apenas verdades Mas minha mente encontra-se inebriada Repleta de pensamentos torrenciais Que me arrastam pelo pior dos caminhos Os caminhos que me afastam de você. Um desfavor. Porque, a partir deles, só faço burradas Oh! Doce loucura, agora te entendendo Há tempos deixou de ser apenas recurso poético. Admirando-te, Musa, penso sentir teu calor, teu cheiro: Doce alucinação Mas vã, arauto do mal. Por que não viver a realidade? Por que não aceitar que nunca a terei? Por que não aceitar que o amor é verdadeiro Mas que sua realização nem sempre o é? Realizar um sonho ao preço de destruí-lo? Por que não deixa-lo ser o que é, um sonho apenas? Por que não aceitar a tragédia do existir? Por que não confortar a dor, qualquer dor, em teu próprio seio E parar de procurar abrigo em ilusões? Não, o mundo não é um romance, é real. Pode até sê-lo, mas não o seu. – Não foi desta vez, amigo. Mas nem por isso deve ser o fim Porque o fim é belo, é doce e calmo A tragédia é suave apenas, Um tempero da vida, a beleza profunda O que faz da alma humana Lapida o diamante bruto Transforma a pedra em arte Não é só dura, é violenta, porém necessária – Mas a gente aguenta, sim, aguenta! E mesmo sem amor, vive! E mesmo na dor, atinge O que na vida tem Que a faz valer a pena.

"Ex-voto" - Adelia Prado (por Elisa Lucinda)