Obstruo as vias de acesso do auto-aniquilamento
pelas veredas do criar
Dou ao mundo a cria fria que de minhas
entranhas tardias resolveu saltar
Vivo permanentemente atrelado ao avesso
do meu ser
A concretude e seus artifícios é o meu
lar
Que da janela sinto o vento a me
convidar ao sonho
Ao que rechaço como a um cachorro vadio
Quero a liberdade de ser o que a
realidade quiser de mim
Uma “colcha de retalhos” reveste o meu
corpo
Uma lógica binária eu repudio!
Sou amante das vicissitudes do cotidiano
Sou amante do que vem do mundo
Não sou puta do destino
Antes a desgraça do que eu mesmo for
capaz de fazer!
Fui abortado dos meus desejos de
eternidade
E soçobrado aos liames e labirintos do
meu outro (inconsciente)
Deixo-me ir pelos caprichos da vontade
Tolhido apenas pela tragicidade amoral
Daquilo que pode vir a ser
*Polvererrância: Pólvora + Errância.