segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

França - Relbier Oliveira



Você esta se insinuando em minha vida
E não ofereço resistência alguma
Tudo o que conseguir alcançar será seu
Não tenho armas, não tenho exército
Não tenho sequer ideologias que lhe sirvam de oposição
Tenho apenas um coração
Um coração que bate mais forte em sua presença
Um coração que ouriça; que se excita, que espera
Te espera a sonhar,
a desejar ver o mar como a primeira vez
Aquela vez em que eu tão só
consegui descobrir o amor
Ainda sequer sonhava que você existia
Duvidava que um dia fosse sentir por alguém aquilo que sentira.
Veja ao longe, no horizonte:
Lá vem vindo
Com seu ornato e sua pompa
Assim como quem se convence de si mesma:
o tipo de pessoa que eu custo a entender
como existe fora da minha cabeça
Que seja bem vinda!
Que não passe ao largo, desdenhando
Que retribua o amor que há tempos venho acumulando.


domingo, 11 de novembro de 2012

Por Amor - Relbier Oliveira




 É preciso amadurecer o suficiente para poder falar de amor. Entretanto, mal me sinto maduro sequer para falar!
Desejo uma mulher como nunca desejei nenhuma outra. Sinto necessidade do seu espírito e da sua companhia, do seu calor, do seu cheiro e do seu toque, mas me sinto ainda menino. Falar-lhe sobre o que sinto é contar que vi um ninho de formigas a um astronauta: era tão belo, tão encantador, tão revelador, mas era apenas um ninho de formigas, afinal. São dimensões igualmente grandes, apesar de relativamente diferentes. Uma mulher deve certamente esperar mais que um ninho de formigas, ainda que este possa ser tão grande quanto o mundo. Como potencializar o que temos de ingênuo e puro sem perder a ternura (jamais)?
“Eu te amo” é vago, correndo o risco de ser vazio. Mas eu te amo, poxa! Por que não consigo dizê-lo a você, se é tudo o que tenho de mais sincero para dizer? É que temo perde-la, e a mantenho ao preço de uma alma sufocada, a minha, calada por meias verdades que teimam perigosamente em sair pondo tudo a perder: o homem que por elas sai de minha boca, mas que não sou eu. Eu sou menino.
Um homem não se troca pelo que não terá por medo de perder o que não tem. Antes a certeza de ter perdido que o remorso de nunca ter tentado. Preciso fazer com que esse homem que vos fala saia e conquiste efetivamente o mundo, ou que, se não, morra tentando, mas que deixe de se esconder por medo de perder o que, de fato, nunca teve. O império da fantasia está ruindo; o apelo da realidade é mais forte. O efeito do tempo torna mais melancólico os personagens criados, e isso é cada vez mais insuportável: o homem precisará sair se não quiser morrer soterrado. Terá de repossuir o seu velho corpo consumido pela ilusão e transformá-lo num guerreiro, um lutador, e marchar para a reconquista da realidade.
De fato, o amor transforma. A ameaça de perdê-lo quando não se o tem é tão pior quanto perdê-lo quando se o tinha. É que a fantasia potencializa a dor.
Sim, por amor. Por amor é que o menino resolveu mudar. Por amor é que o menino resolveu tornar-se homem. Por amor abandonou o seu mundo de felicidades opacas em busca da cor mais viva quanto possível. Por amor aceitou pôr tudo a perder a valer. Por amor ele se expôs a isso. “Mas, o que é esse tal amor?”, cabe a pergunta. Isso ele ainda não sabe realmente. Resolveu colocar a fantasia à prova para testar se de fato o amor existe. E, se constatar que ele não existe, não terá mais para onde voltar. Terá de aprender a ser um vazio homem prático, e desejar, enquanto espera, que a chegada do desconhecido lhe confira uma nova chance. Porém, também o império do desejar será nesse momento tido apenas por ficção do espírito. Então só lhe restará a realidade. Que ela não seja para ele tão dura!


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Santa [1] - Relbier Oliveira





Se eu te pedir de volta, você me devolve aquilo que na verdade nunca foi meu?
Foi pensando nisso que Santa despertou de um sono cujo sonho lhe parecia real, embora não se lembrasse de absolutamente mais nada a respeito dele. Chegou até mesmo a pensar que sequer tivera tido um sonho, que aquilo fosse apenas mais um dos infinitos fenômenos inexplicáveis. A hora? De que importava, afinal. O fato é que ele sentia apenas que queria e deveria ficar mais tempo na cama. Mesmo assim, levantou-se. Sempre achava curiosa a sensação do instante do assim que acorda. Salvo os casos em que despertava por já não suportar dormir ou ficar deitado um segundo mais que fosse, de resto, o sono do despertar era sempre um tipo de confusão existencial: não importava o que havia sido nem o que viria a ser há dali a não muito tempo; sentir a água morna cair sobre o seu corpo atordoado, e percebê-lo pouco a pouco se encaixando naquilo que ele sabia que, dali a não muito tempo, ele seria. Nesses momentos, ele queria escrever. Era precisamente quando o seu coração começava a bater mais depressa. Seus olhos perdiam aquela expressão da depressão emocional do instante. Logo já estava se tocando com mais vivacidade, admirando as próprias curvas e definições do corpo que, mais tarde, na maioria dos outros grandes momentos, ele sabia ou pensava que sabia não tê-las. Era gordo, era magro. Era forte, era fraco. Era alto e era. Era. Era belo, mas a maior parte do tempo era feio, porque sempre se convencia de que era feio. Não tinha mal hálito, mas se preocupava sempre com isso: era o medo de ser tão desagradável quanto as pessoas desagradáveis que conhecia. O fato era que às vezes fazia tudo errado quando tentava impedir que tal acontecesse. Não eram raras as vezes em que, estando em casa – e dela não tendo necessidade alguma de sair –, ele negligenciasse a escovação de seus dentes, e passasse o dia sem fazê-lo, ou qualquer outro ato de higiene básica. E oscilava do ânimo que o paralisava ao desânimo que o consumia. E não deixava de pensar no futuro, determinado pelas consequências de todas as suas (muitas) fraquezas: precisava corrigi-las, precisava ser uma pessoa melhor. Mas não conseguia. Dia após dia, traçava ansiosamente planos de ação no sentido da auto-superação, mas esbarrava sempre no sinal básico de qualquer operação: a realidade é bem diferente do que pensamos. Isto é princípio, é constante. Santa queria ser feliz. Santa queria ser amado. Santa queria se casar com alguém que ele amasse muito, e que esse alguém o amasse tanto ou mais que ele. Que tivessem filhos e tranquilidade financeira. Que ele pudesse fazer o que gosta e se relacionar bem com todas as pessoas. Santa queria ser respeitado, lembrado, querido. Santa queria ser admirado. Santa estava infeliz. 

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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A Solidão dos Anjos - Jubela Couto



Para quem nunca teve amor
A solidão é a melhor companhia,
Porque quando sozinha me via
ninguém me causava dor.

O que são cem anos, afinal?
A solidão, às vezes, é boa,
pois se em teu coração solidão voa
não terás mais a quem fazer mal.

(...) - Jubela Couto



O amor é uma tradição.
De sim e de não,
com e sem perdão.
O amor é uma benção
ou uma maldição.
Quer você queira, quer não:
O amor é uma tradição.

Também o Céu - B.B.


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Figuras Escondidas, Barradas no Auge do Desabrochar - Relbier Oliveira




Na boca do inferno
Olhando fundo os meus maiores medos nos olhos
Pronto para gritar a dor do infortúnio
E morrer a irrealização de mim mesmo
Por Deus! Eu só quero falar!
Por mais que ninguém me entenda
Falar e falar
Aos ventos, falar:
Representar os mil atores de mim mesmo
Deixar explodir o mundo ingerido
E confundi-lo aos tantos outros possíveis
dos quais nunca tive controle
Não quero a irrealidade verdadeira
Me basta o romance mais doce,
A utopia mais brega
Se representarem a magia toda
A expressão da minha loucura mais digna
Da minha agressividade mais frouxa
Do meu pensar em símbolos mágicos, divertidos;
O escuro do céu, as estrelas poéticas
O universo todo numa bolinha de papel
O bonde que faz a vida ter sentido
Pelo subúrbio da mentira mais bem contada
Escola de poetas tradutores
De incognoscíveis belezas
A pura ardência do pálido instante do ultimo badalar
A canção que fere os corações com rosas de veludo.


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Som off - Relbier Oliveira


Quem me dera se o mundo estivesse mesmo chegando ao fim
Uns no começo, mas eu no fim
Quantas crianças morrendo, pestes e guerras
O diabo do capitalismo está à solta
E seus anjos do mau, consumistas, são quem o fazem rei
E eu, que não sou socialista (nem merda nenhuma)
Como chocolates, bebo coca e vou ao cinema do Shopping
— perversão, promiscuidade, balburdia
E você com essa demagogia?!
Quantas crianças morrendo, pestes e guerras?!
Eu só quero ganhar dinheiro e mais!
Quem vai destruir meu mundo?
Somos todos indecentes, cínicos e imorais
Somos filhos do demônio
Filhos das putas e tudo o mais
Quem vai dar sua cara a tapas?
Deixar pregar-lhe o prego à mão?
Deixar fritar e comer seu coração?
“A moral só existe para que os imorais conquistem”
Mas Hitler, Hitler não vai para o inferno
E eu com esse mundo
Já no final de tudo
Me vejo vendendo perdão?
(O bom comerciante entrará no reino)
E na história volta a haver monarquia
Feudos, guerras, pestes
E as crianças morrendo...?!
Quem liga?! Quem liga?! Quem liga?!


(Das antigas... Em homenagem à corja de pseudo-revolucionários à qual um dia também pertenci!)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Bolsa de Criação Literária 2012



"São 30 bolsas, em âmbito nacional, no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) cada, para o desenvolvimento de projetos de criação de romances, contos, crônicas, novelas e poemas. O edital é voltado a pessoas físicas maiores de 18 (dezoito) anos, brasileiros natos ou naturalizados e estrangeiros residentes no país a mais de 3 (três) anos, que tenham no máximo dois livros de sua autoria publicados com ISBN. Os projetos têm 6 mêses de prazo para serem desenvolvidos, e entre as 30 bolsas concedidas, serão selecionados até 03 (três) produtos finais para publicação pela Fundação Biblioteca Nacional". [Texto extraído de "Livro: Amar Ainda Vale a Pena", do Facebook].


O Link a seguir já leva direto para a sessão que trata do edital:



Bolsa Fundação Biblioteca Nacional

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Solitude - Agatha Victoria










Eu queria que fizesses parte dos meus planos, como há muito faço dos seus
Mas meu coração é um iceberg perdido no oceano com as melhores companhias:
as aguas que o rodeiam e os navios que passam ao longe
com medo do quão grande pode ser sua destruição se me tocarem.
Não por uma escolha, mas sim pelos caminhos percorridos,
nunca acreditei em príncipes em cavalos brancos...
Mesmo às vezes sendo bonita a historia,
nunca representou a realidade que experencio