terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sobre justiça e vingança - Roni dos Santos

Às vezes agente cansa! Não é sempre que estamos dispostos a ouvir, não é sempre que estamos dispostos a dialogar e não é sempre que temos a paciência necessária para acompanhar certos raciocínios demagógicos que defendem o indefensável, por isso que às vezes agente cansa. Eu, por exemplo, cansei de ver certos apresentadores de televisão defender a barbárie em pleno chamado Estado democrático de direito, estão propositalmente confundindo justiça e vingança. Tem um momento que a paciência se esgota, o poder público simplesmente tem levado ao descaso a situação das periferias e favelas, esse Estado democrático de direito é uma lenda, ainda por que o Estado sempre foi tido como um mal necessário – entre os liberais – e eu que não sou liberal não me importo com o seu fim. A democracia só existe na medida em que o povo se organiza e toma iniciativa, isto quando a camada financeiramente privilegiada da população junto ao poder público (e leia poder público como pessoas de altamente influenciáveis e amigos de ricos) não resolvem mandar uma contenção militar e tratar todo movimento social como caso de polícia. Logo, concluímos que direito só existe na medida em que podemos pagar por ele, logo, direito só existe para a manutenção da propriedade privada. No entanto, o que mais me irrita é o discurso sem compromisso daqueles que propositalmente confundem justiça e vingança. Isto por que qualquer ação que parte das vias institucionais deveria separar bem estes dois conceitos, o que temos visto por parte do poder público e descaradamente apoiado pelos cara de pau da mídia é uma vingança travestida de justiça, é a vingança para com aqueles que ousaram ameaçar a propriedade privada. No entanto, a vingança travestida de justiça sempre nos aparece como algo legitimo e ao lado de quem faz a manutenção do poder. A ideia aqui não é afirmar que a vingança esta completamente desarticulada de cada traço de justiça, ao contrário, a ideia é assumi sua indistinção, entretanto, pela ótica do nosso ódio. No próximo post eu me explico.