terça-feira, 10 de setembro de 2019

Simone e eu - sobre aquele olhar (Relbier Oliveira)


"Toda vez que para aquela estante olhar, nela me verás.
Quando o livro manusear, será meu corpo.
Nele, mais que o meu cheiro estará:
minha alma, meu amor
não expresso em palavras:
letras são frias.
Quente é o coração,
na veia, o seu pulsar.
Toda vez que para aquela estante olhar, nela me verás".

Mas  minha alma grita, presa em celulose estéril.
Preferível queimar, as cinzas são mais nobres.

Seu desdém e arrogância
sua ingratidão e injustiça
escondem a pessoa incrível
que minha fantasia apostou em você.

Queime a minha alma,
mas não a negue em gestos fúteis.
Quem só te desejou o bem seria mais feliz assim...

Se bem que... Toda vez que para aquela estante olhar
nela nada mais verás que vazio.

Sua mais cara fantasia cairá
quando perceberes que pessoas não são descartáveis.

Mas, veja: sua estante perdeu mais que um livro
ela perdeu uma alma irmã.
O mundo é grande, meu bem.
Mais sorte aos que tiverem o mesmo azar!