terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A farsa - Relbier Oliveira

Quanto tempo faz que não beijas a face do demônio para seres assim, tão feliz?
Porque tua felicidade me irrita, na medida em que também não posso ser.
Emprestei espírito demais para a régua que criei
E ora ela se volta contra mim, perversamente
Mostrando-me que sou mais mesquinho
Que qualquer um que injuriei.
Nesse palco de excentricidades, quis impor que fossemos todos iguais
Iguais a mim ou ao que julguei fosse o certo
E agora me sinto aflito, aporrinhado pelo mau que eu mesmo criei.
Está dentro de mim, pedra por pedra o edifiquei
E num parto fatal, morreremos ambos, eu sei
Porque tu sou eu, e eu quero antes morrer.
Não há mais ilusão de liberdade
Seria preciso recomeçar (de novo)
E de novo
E de novo
Até aprender a atirar na cabeça que não a sua
E a não se preocupar com nada
A olhar no espelho e ver o melhor dos mundos
A cortejar o desagrado alheio se sentindo ainda íntegro.
Sim, porque é tudo uma farsa!
Os doces no chão, a competição sempre foi natural:
Consagraram fraca a criança das balas doadas
E corromperam valores fundamentais
De existência.
Fui conivente com tudo isso, distribui panfletos
E hoje agracio a face do capeta
Porque não sei como ser feliz
Porque deixei de aprender como ser. Gostou da postagem? Então faça um comentário e/ou clique nos botões das redes sociais abaixo para ajudar a divulgar. Ficaremos eternamente gratos :D