terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O espetáculo solo do vômito - Roni dos Santos



Há coisas que eu ainda não compreendo, por exemplo, as vezes me vem na cabeça a imagem da Europa entre os séculos XVII e XVIII, era uma puta sujeira, as ruas eram extremamente estreitas, hoje os parisienses se orgulham da Champs-Élysées, mas naquela época lá só tinha beco. O rio Tamisa em Londres fedia mais que o Tiête, em dias de muito calor era necessário fechar o parlamento inglês, de tanto que fedia. Todo mundo sabe para que servia aquelas perucas empoleiradas e os leques? O leque era para afastar o extremo mal cheiro e as perucas por causa dos piolhos, naquela época, moda era necessidade higienica. Então eu começo a remontar essas imagens na minha cabeça e passo a imaginar o que se trasformou nossa civilização.

Esta semana eu estava dentro do trem para a minha quebrada, a linha que sai da estação Brás e vai até Calmon Viana, no meio do trajeto aconteceu o que nunca, jamais poderia ter acontecido, uma mulher vomitou “deliberadamente” dentro do trem. Foi coisa de segundos, quando vimos o chão já estava forrado pelo seu almoço o por qualquer outra coisa que ela havia comido. Eu só percebi o incidente por que outra mulher gritou ao meu lado “eu não acredito que isto esta acontecendo perto de mim”, sim querida, pode acreditar, isto estava acontecendo perto de você. Neste momento o trem quase parou, fez-se um silêncio magistral, até o motor do trem parou para dar atenção ao espetáculo solo do vômito e sua protagonista. A protagonista, porém, não sábia o que fazer, as pessoas sabiam ter nojo, mas não sabiam como oferecer ajuda, podia ser algo sério, mas para as pessoas do trem a única coisa séria era o mal cheiro que exalava do vômito.

O que eu tiro dessa história é o seguinte: criamos “as melhores” regras de civilização, pois com a higienização de nossas “porcas vidas” temos mais longevidade, o que não significa qualidade de vida. Ou seja, criamos regras para que pudessemos viver mais, de fato toda àquela imundisse européia matava de verdade, mas esquecemos para que criamos as regras e obedecemos somente seus índices, ou seja, “a regra foi feita para ser cumprida” e ai um pirralho FDP das séries iniciais pergunta para professora “por que?” e a professora respode algo relativo à “por que sim”, ela pode explicar em detalhes, mas ela sempre vai explicar conforme as regras, sem perceber que todas as regras têm um motivo, e que esse motivo não é necessarimente universal. Resumindo, alguém poderia ter perguntado para a moça se ela não estava passando mal, pelo menos indicaria que ela enquanto pessoa é mais importante que seu comportamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário