quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Ser-Poeta - Relbier Oliveira

Com uma caneta e um caderno em mãos Numa paisagem não tão singular, mas cativante Apesar das coisas que sinto, escrever coisas belas E me reconhecer nelas, ao fim Tendo consciência das minhas dificuldades das minhas limitações Mas me movendo para livrar-me delas Sim, o mundo é belo, apesar de tudo E não sou eu que vou estragá-lo para você O Lobisomem sabe quando é hora de partir quando é hora de subir às montanhas Lá, onde até os ventos são raros À procura não de solidão, mas de segurança Segurança não para si, mas para quem ama Quando mesmo o amor se transmuda em destempero Quando a humanidade se rende à fera e mostra sua face mais sincera, mais real Reflexo das incertezas que tornou a sentir O motor da insanidade saturado em brasa E tudo o que excede desanda as engrenagens destrói os meus valores Porém, apesar de tudo, a beleza do outro mundo O horizonte já obscuro, mas que pretendo alcançar Os novos horizontes a me fazer sofrer com também sua indecisão Falta de sinais claros que me motivem a agir fora de mim Entretanto, a beleza me toca Se apropria de qualquer que seja minha emoção E se traveste em poesia Me preenchendo com satisfação Ser poeta, afinal, é estar a serviço da arte Tocado pelo mundo, movido pela falta Movido pela distância, pelo abismo É a expressão de uma sensibilidade agonizante que rasga o véu e também a carne e talvez também a alma, se não deixá-la sair É uma possessão que compensa pelo alívio Não cobro nada pelo meu uso Só peço que entre e peço que saia A alquimia do sentimento A tradução da vida condensada num momento O olhar vazio de quem vê através de tudo olhando apenas para dentro de si A sua existência como referência da beleza ou do desprazer do mundo Ser poeta é, acima de tudo, ser no tudo. 02 - 19/10/2011

Um comentário:

  1. É fato!!!
    Eu também acredito que ser poeta é lavar a alma através da escrita...a tal chamada inspiração!!!

    ResponderExcluir