sexta-feira, 4 de março de 2011

Contra o trabalho - Roni dos Santos

Aquilo que vou confessar deve ser guardado em uma reflexão de pelo menos um ano no enclausuramento, é preciso que aquele que for pensar sobre isso tenha a coragem de se afastar de todas as obrigações para com seus credores, financistas, devedores ou qualquer espécie de contrato firmado legal ou simbolicamente, pois este processo exige que este se retrate do compromisso consigo.

Eu observo as pessoas em seus trabalhos, são malucas, neuróticas, viciadas. A instituição trabalho tem levado das pessoas o melhor de seus potencias, energias são dispersas em nome de uma produção que não tem como fim o próprio indivíduo. Mesmo que este trabalho seja para o bem da sociedade, este trabalho não tem retorno. O trabalho se tornou um fim em si mesmo, eu nunca vi um chefe pedindo para um funcionário trabalhar menos, pelo excesso de trabalho, o chefe tem a “nobre” missão de fazer seus funcionários mais produtivos, logo, quando um chefe cede a exceção de fazer seu funcionário trabalhar menos, é porque ele quer que este funcionário seja mais produtivo.

Mas o pior desta contraventura é o seu efeito discursivo. Há sujeitos que simplesmente amam esta sujeição, que não saberiam fazer outra coisa que não trabalhar, o corpo foi disciplinado, a mente foi modulada e as ações são controladas de tal forma que quando este indivíduo se entregar em seu trabalho, o mesmo julga estar fazendo uma escolha. No mundo do trabalho só há duas escolhas, ou você trabalha por dinheiro, ou você trabalha para o dinheiro.

O discurso moralizante do trabalho é mais baixo ainda quando começam a surgir seus efeitos contra àqueles que negam tal subordinação. Dizem que este é preguiçoso, que não tem futuro, que é um coitado, mas suponho que seja pura inveja do poder de afirmação daqueles que não se deixam sujeitar. Nesse sentido podemos citar Nietzsche e sua relação com “Moral de escravos X Moral de senhor". Sendo a moral de senhor aquele que afirma a vida e a moral do escravo é peculiar não somente àqueles que baixam a cabeça, mas aos que invertem a afirmação da vontade, que submetem sua própria vontade a outrem.

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