Um blog para todos e todas publicarem suas poesias, artigos, historias e contos esquecidos em gavetas e entregues às traças. Aqui eles serão lidos e cumprirão enfim sua finalidade. Além disso, postaremos adaptações de livros para o cinema, as quais serão disponibilizadas para download. Para você postar nesse blog basta fazer um comentário na última postagem deixando seu email.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
100 postagens!
Casa velha de Machado: um debate dos costumes - Roni dos Santos
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Espasmos - Arnaldo Silva
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Máscara da Ilusão (2005)
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Nostálgico - Gustavo da Silva Vieira
domingo, 6 de novembro de 2011
Com amor...Da idade da Razão
domingo, 30 de outubro de 2011
Musa - Relbier Oliveira
terça-feira, 25 de outubro de 2011
O Santo - Relbier Oliveira
“Um dia, eu estava sentado no meio do caminho, como de costume, pedindo dinheiro, como de costume, me sentindo um lixo pior do que as guimbas esfoladas pelos sapatos apertados dos transeuntes apressados com suas vidas, quando eis que uma pessoa se aproximou de mim. Não vi direito quem era. De que me importaria: acaso conheceria? Faria distinção entre as diferentes feições e estilos e vaidades e egocentrismos que geralmente passam por aqui onde os lixos se acumulam? Estranho, não me incomodei com sua presença”.
“Em condições normais, eu faria cara feia, apesar da esmola. Se viesse falar, então! Me dar sermão, me dar conselhos, falar de Deus... vixi! Era de cusparada a palavras de baixo calão”.
“Sangue no zói até umas horas. Porque é assim: não sou melhor que ninguém, é verdade, mas cansei de ser usado de figurante na foto de Bom Samaritano. Você sabe que, no fundo, a única piedade é com eles mesmos, pelo sacrifício que estão fazendo vindo falar essas coisas, vindo querer dizer que somos iguais, que eles não veem distinção, e o caralho”.
“Posso me sentir malzão depois. Pô, um dia eu já tive dignidade, sei como é. Mas, meu: não tenho mais nada a perder. Se quiser, depois, eles sabem onde eu durmo, onde eu me escondo. Coisa que não falta é gente pra fazer mal nesse mundo. E sabe como é que é, né: a gente tá aqui pra isso mesmo. Pra morrer e dar graças a Deus. É o melhor que há, é um presente. Mas o seguinte, eu vim pra cá já sabendo dos riscos, sabe qual é? Na verdade, eu quis largar tudo, sair dessa porra. – Porra, meu, emprego de merda desde os oito anos, desde que eu me entendo por gente... se é que eu já fui gente alguma vez nessa vida. Meu, muié relaxada! Porquera! Nojera! Os fi tudo virando tranquera, querendo bater na gente. Depois de todo o caralho que eu fiz pra eles. Meu, passei fome pra tentar dar um futuro melhor pra eles, e é assim que eles agradecem? Ai vem um filho da puta desses me dizer chavão. Ah! Vá pra puta que o pariu! Irrita mesmo, meu, de boa. Tá! A intensão pode até ser boa. Mas, como dizem, dela o inferno tá cheio”.
“Meu, foi mais ou menos assim: não era bem uma pessoa, era uma presença, sei lá. Tinha uma mão. Mas não era bem uma mão, manja?! Eu não sei explicar. Sei lá, cara, parece que tudo à minha volta perdeu a importância, tinha importância mínima, manja?! Sabe, tipo: a mente ficou vazia, velho... E eu não tinha tomado nada, não tinha fumado nada. Cheirado? Vixi, nem sei mais o que é isso: falta capital, sabe qual é? Cara, eu não sei explicar. Foi sinistro. Foi bom, velho, foi bom... foi bom pra caralho. Tipo, essa vida de merda toda fez todo o sentido. Manja, tipo... um copo? Mais ou menos assim a parada... Não, uma garrafa, daquelas toda retorcida. Ai você põe a água e ela se preenche toda, e faz sentido. Sabe, estar em todos os lugares ao mesmo tempo sem sair do lugar, sem estar em nenhum... Sem corpo, sem raça, sem identidade, sem essas paradas toda ai, sem caralho nenhum. Tipo, muita velocidade... muita! Um calor que não queima, que aquece, que conforta. Uma luz de todas as cores, num brilho alaranjado... Me lembrava um circo. Cara, eu nunca fui num circo. Eu nunca vi um elefante, uma girafa, mas elas tavam lá. Sabe, o tempo... durou minha vida toda e mais: o tempo que eu ainda nem vivi e o que eu nunca viverei, o antes o depois o agora, e o quarto. É, o quarto, manja? O que está ainda além. E eu só segurei aquela mão, velho. Ele disse “vem comigo”, e eu não fui, manja? Por que eu não fui, brow? Por que eu não fui? Aqui ninguém me dá valor. Olha ai onde estou, jogado na merda, tendo que fumar guimba usada, dessas bocas fididas, nojentas... boca de buceta suja. Ah! Toma no cu, brother. O que que eu ainda queria fazer aqui, jovem, diz ai? Eu não sei, sérião mesmo, eu não sei... Ter que esperar o próximo, agora, meu! Já era. Se pá, sorte assim só uma vez na vida. Eu troco meu bilhete premiado da Mega Sena, que tá aqui no bolso, por outra chance, manja? Mas não sei, doido... não sei. Acho que, se pá, eu faria tudo de novo, tudo do mesmo jeito, sabe? Chegaria lá, de novo, em cima da hora, pra chutar pro gol, e pararia. Por que, brother? Por quê? Cara, eu não tinha isso. Foi depois dessa parada ai que eu fiquei assim. Sei lá, parece que eu aprendi a gostar de mim. É estranho. Sei lá, é como se eu estivesse com o bolso cheio de dinheiro... É mais. É mais que isso. Manja um carro? Tipo assim, um 147... Pô, muito loco, eu sempre quis ter um desses ai. Mas pensa em um zuado, bem zuadão mesmo. Então, sei lá: de repente você empurra ele num lava-a-jato (empurra, né, porque o coitado não deve tê nem mais motor, de tão zuado que tá), ai sai do outro lado uma Ferrari, novinha, com o Ronaldinho e tudo. Vixi, cara, o bagulho é loco. Mas, meu, sabe, eu não sei explicar. Então, o 147 era eu, manja? Essa parte você entendeu, né? Tipo, eu quero estar aqui. Pode estar ruim o quanto for, eu quero estar aqui. Não que sei lá onde eu ia ir fosse pior, mas eu quero estar aqui agora. Talvez antes eu quisesse qualquer coisa, melhor, pior, qualquer coisa. Talvez a morte, sei lá. Mas agora não, agora eu quero estar aqui. Sei lá porque, jovem... Tipo, e é isso o que me intriga. Dá vontade de sair, pular, cantar, só de lembrar... Meu, só de lembrar. É que, contando, assim, não dá pra você entender direito, manja? Ah! Sei lá, brother. Mas, apesar de tudo, estou cansado, chato, velho e ranzinza. Desculpa ai, vai... Você deve tá achando que eu sou doido, sei que tá. Mas, dá nada não, meu. Eu tô em paz agora, tô na minha. Sei o que vi, mas te entendo, brow. Seguinte: fica com Deus, ai, amigo. Vô indo nessa. Quero meu colchão. Depois a gente se fala. Te cuida! Fui!”.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Loucura. Hoje, Felicidade - Bianca Squarisi
Hoje devo dizer tudo o que sinto, Ainda que ache que não deva, Ainda que transcenda todos os valores, Ainda que cale toda a mentira... Hoje devo ser o que sou, Sem me esconder atrás da sanidade e da normalidade... Hoje quero gritar ao mundo tudo o que acho certo, Que acho belo... Hoje vou dizer o que calei, Gritar o que sussurrei, Amar o que omiti, E querer o que não se deveria... Hoje vou viver, Hoje estou aqui, Hoje e agora... Agora é a hora! É a hora de tomar aquela decisão, Sem medo que seja cedo, Sem medo que seja tarde, É hora de esquecer os medos e os receios... Hoje serei toda a insanidade omitida por bem do mundo... Mas que há em cada um de nós... Hoje serei feliz... E a felicidade nada mais é do que libertar toda essa loucura... Pois a verdadeira felicidade poderá ser encontrada no mesmo abismo da loucura!
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Ser-Poeta - Relbier Oliveira
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Carta a um eu cindido (ainda não novo amigo) - Relbier Oliveira
Eu não quero que gritem comigo como se eu fizesse isso por puro capricho. Há não muito, aprendi a observar as pessoas no intuito, quase que inconsciente, de aprender com elas como se viver, como se comportar. Mas veio, com isso, inevitavelmente, a inveja, e reminiscências da minha infância me questionando em que parte do percurso me desviei, e o que determinou que fosse assim. Remonto, por vezes, a causas que estão aquém inclusive do meu nascimento, talvez anterior mesmo à minha concepção; algo da ordem do invisível, mas real: ainda cientifico. Não quero mais ficar sozinho, mas nunca soube fazer de outra forma. O que me fez ser assim? Tudo o que perdi e o que perderei, valores inestimáveis. Algo fica? Algo se ganha, para compensar? Não consigo deixar de pensar que sou muito desadaptado; que é quase como se fosse uma sentença, pior do que perpétua: eterna. Condição sine qua non da minha existência. A cada passo, o peso do fardo se mostra inversamente proporcional à distância que me resta; consequentemente, não conseguirei chegar ao fim, apesar de estar cada vez mais perto. Mas, caminha-se para aonde, afinal? Caminha-se no sentido do movimento, na inércia. A questão sobre o destino parece estéril quando se sente que não se vai chegar, seja aonde for. É como se fosse um jogo da natureza, e eu, enquanto só mais uma peça, não fosse mais importante para qualquer estratégia, e estivesse condenada. O peso, na verdade, então, é a tensão do prenúncio do fim: os passos do carrasco, o engatilhar das armas, o rosto pálido dos normais, a indiferença da criança distraída com seu brinquedo aos pés dos pais atentos. Genética, sociedade, dinheiro, já não significaria nada para mim se os pudesse ter todos. Um compra o outro, é quase verdade, mas já não os saberia usar em favor da minha causa a essa altura do campeonato. Tudo ficou tão complexo que já se formou em mim a dúvida de se se sair teria algum alento. Já à beira da confusão total, do desespero. O ambiente me controla, sou joguete. Não sei mais o que pensar. Não consigo ver sinais que indiquem alternativas, é tudo categórico. Um complô, uma paranoia. A bandeira da ansiedade deve estar sendo hasteada na capital, a guerra chegou ao fim! Fumem um cigarro, declamem uma poesia. Pensem naquele amor, qualquer amor, mesmo os não correspondidos, os inexistentes, os fingidos, os impostos, os delírios. Pense que a missão foi concluída, ainda que, na verdade, pois, tenha sido falida. Pense no descanso, na paz, na tranquilidade, palavras borradas no seu vocabulário, sem imagens, sem sentido, que só se usa pelo seu valor formal, estético, tal qual o amor. Não, não queira se despedir, já não há eles, já não há aliados, nunca houve. Amigos, famílias: para você, tudo ilusão. Deixe tudo para trás e vá, siga seu coração. Sua mente é terra arrasada, mas seu coração ainda bate, desde sempre, como nunca, cada batida um novo impulso, sinal de vida. Mas não, não faça dele um fundamento. Apenas vá, o siga, e nada mais. Não olhe para trás ou acabará temperando carne de churrasco. Espero te encontrar em breve, quem sabe não possamos ser amigos. Me identifico com você, mas ainda estou preso, não posso partir. Ainda sou escravo, ainda presenteio o meu algoz com meus gritos, com minha dor. Mas não demora, amigo, estaremos juntos. Formaremos nosso clã, nossa tribo, nossa terra, e seremos, enfim, mais que potencialidades.
Até breve.